Josué 6 - A destruição de Jericó

Um primeiro ponto que chama atenção no capítulo: no verso 2 Deus diz que entregou a cidade de Jericó nas mãos de Josué, ou seja, a destruição da cidade não foi uma obra humana, mas divina.

A estratégia da tomada da cidade também não foi uma estratégia bélica, baseada em armas e guerreiros, mas foi uma estratégia onde a presença de Deus, representada por meio da Arca da Aliança, servia para mostrar que a batalha pertencia ao Senhor e não ao homem. A quantidade de dias em que o povo rodearia a cidade servia para que os filhos de Israel desenvolvessem fé na obra que Deus iria realizar. "Pela fé, ruíram as muralhas de Jericó" (Hb 11:30).


O número sete aparece em destaque: O povo deveria rodear a cidade sete dias. Sete sacerdotes levariam sete trombetas. No sétimo dia eles rodeariam a cidade sete vezes. O número sete é chamado por muitos de "número da perfeição" e geralmente é usado para representar as obras de Deus.


O sétimo dia no qual o povo deveria rodear sete vezes não é obrigatoriamente o sábado, pois não se sabe qual foi o primeiro dia em que se começou a rodear a cidade. Porém é fato que isto foi feito durante sete dias e um deles foi um sábado. Pergunta-se então: "É permitido realizar obras de guerra durante o sábado?" Devemos lembrar que o sábado é um dia dedicado a Deus e não devemos usá-lo para fazermos a nossa vontade (Is 58:13). Tudo o que Deus nos ordena fazer está em harmonia com o sábado (Mt 12:5).



Um dos deveres do povo durante a marcha ao redor da cidade era permanecer em silêncio (v. 10). Com certeza, o silêncio do povo que rodeava a cidade dava-lhes uma oportunidade para refletir a respeito de Deus. A demora ensina a depender de Deus. Muitas bênçãos são perdidas por não se permanecer em silêncio perante o Senhor e esperar que ele opere (Sl 46:10).

Este relato nos leva a meditar: temos parado de agir e deixar Deus agir? Temos parado em silêncio para meditar a respeito das obras de Deus? Por que não temos permanecido de forma reverente na casa de Deus?


Mais uma vez vemos uma obra estranha de Deus, na qual ele ordena a destruição de uma cidade inteira. Muitas pessoas questionam o amor ou a justiça de um Deus que manda matar toda uma população. Devemos lembrar que os Cananeus já haviam esgotado o seu período de oportunidade e chega um ponto onde a misericórdia ultrapassaria a justiça, então a justiça deve agir. Se o povo da cidade de Jericó tivesse aceitado o Senhor como o seu Deus e abandonado suas práticas pagãs eles teriam sido salvos, assim como Deus salvou a prostituta Raabe e sua família. Deus "deseja que todos os homens sejam salvos" (1Tm 2:4).


Outros afirmam que ao salvar Raabe Deus estaria "premiando a mentira". Realmente ela mentiu para proteger os espias (Js 2:3-6). Porém, Deus não aprova tudo o que está relatado na Bíblia. Deus não recompensou Raabe por causa da sua mentira, mas por causa da fé que ela demonstrou (veja o comentário de Leandro Quadros).

A maior evidência da sinceridade de Raabe para com Deus foi o fato de ela ter se juntado ao povo de Israel (v. 25). Neste caso, está implícito que ela foi ensinada nos costumes e na religiosidade Israelita e passou oficialmente a fazer parte do povo de Deus.

É provável que ela tenha se casado com Salmom, príncipe de Judá, e dado à luz Boaz, tornando-se, assim, uma antepassada do Salvador (Mt 1:5) (CBASD, vol 2. pág. 190).


Os céticos que gostam de questionar a "crueldade" de Deus ao destruir uma nação deveriam também analisar tão detalhadamente a misericórdia de Deus ao salvar uma pessoa que vivia à margem da sociedade no meio do mesmo povo o qual Ele condenou. Certamente este tratamento diferenciado foi porque ela cumpriu requisitos que os outros não. Nisto vemos a justiça de Deus aliada à misericórdia.