domingo, 7 de outubro de 2012

Deuteronômio 21 - Providências sociais em casos específicos

Quado o povo de Israel encontrasse alguém morto no meio do campo, ou seja, nas redondezas entre as cidades, deveriam ser tomadas providências cerimoniais com o fim de eliminar do povo a culpa por aquela morte.

Os anciãos da cidade mais próxima onde o corpo foi encontrado (v. 3) deveriam tomar uma novilha que ainda não trabalhou como animal de carga (v. 3) e a levariam a um local de águas correntes, onde não havia nenhuma espécie de cultivo (v. 4) e ali fariam uma cerimônia isentando-se da culpa. Eles então quebravam o pescoço da novilha (o que no texto é chamado de "desnucar") e depois tomavam água do riacho para lavar as suas mãos sobre a novilha (v. 6), proferindo palavras cerimoniais como uma espécie de oração a fim de que Deus isente o povo da cidade por aquela morte (v. 7 e 8).


Uma atitude semelhante de lavar as mãos foi também tomada pelo salmista (Sl 26:6; 73:13) e por Pilatos no julgamento de Jesus (Mt 27:24).


O texto também fala do proceder para com as mulheres que o povo de Israel levasse como cativas (v. 10). Caso algum homem se interessasse por uma mulher ele poderia tomá-la por esposa (v. 11). Porém, ele deveria primeiramente levá-la para a sua casa, onde ele iria raspar a cabeça como um sinal de luto pelos seus familiares mortos durante um mês (v. 12 e 13). Depois disto o homem poderia casar-se com aquela mulher.

Deus não aconselhava as relações matrimoniais dos filhos de Israel com outros povos, mas se essas mulheres estivessem dispostas a viver sob o estilo de vida judaico ela deveria receber uma posição honrosa, e não a posição de escrava. Caso o homem viesse a se separar dela, não deveria tratá-la como escrava, mas deixá-la livre para seguir sua vida como desejasse (v. 14). O divórcio também não era aconselhado por Deus, mas permitido naquela época por causa da grande dureza do coração do povo (Mt 19:7-8).


Outra ordem dada por Deus foi que se mantivesse o direito de primogenitura a quem fosse de direito. No caso de um homem ser casado com duas mulheres e gostasse mais de uma delas, mas o filho primogênito fosse da outra mulher a quem não gosta, o pai não deveria negar o direito daquele filho a favor do filho da esposa que ele gostava mais. Este era o caso de Jacó e Lia (Gn 29:16, 30, 31). O primogênito teria direito a uma porção dobrada da herança (v. 17). Por exemplo: caso um homem tivesse cinco filhos, a herança seria dividida em seis partes e o primogênito teria direito a duas.


Foi dada uma recomendação a respeito do homem que tivesse um filho "contumaz e rebelde". Comentaristas judeus em geral aplicam este termo a filhos que manifestaram ressentimento para com as ordens de Deus e se recusaram a cumpri-las (CBASD, vol. 1, pág. 1129). Os pais tinham a responsabilidade de corrigir ou disciplinar os seus filhos, mas caso os mesmos fossem rebeldes a ponto de não terem mais correção, seriam passíveis de pena de morte. Aos pais cabia a responsabilidade da disciplina, mas ao povo é que ficava a tarefa de executar a pena de morte. O objetivo de tal penalidade era "eliminar o mal" do meio do povo, para que o povo "temesse" esta correção e isto não viesse mais a ser necessário (v. 21).


O último assunto deste capítulo é a respeito das providências que deveriam ser tomadas a respeito das pessoas que fossem condenadas à morte (v. 22). Comentaristas judeus afirmam que o condenado era morto e depois o corpo era pendurado numa árvore (CBASD, vol. 1, pág. 1129). Paulo faz um comentário alusivo a este assunto em Gl 3:10-14. Jesus foi condenado pelo seu próprio povo como um dos piores criminosos e como alguém sob condenação divina (Mt 27:43; Is 53:4).



Vemos neste capítulo várias providências de caráter social a serem tomados pelo povo em ocasiões específicas. Em alguns casos Deus trata até mesmo de coisas as quais ele não aconselha, mas permitiu naquela época devido a dureza do coração do povo, como a escravidão e o casamento com mulheres de outros povos (v. 10-13), o divórcio (v. 14) e a poligamia (v. 15-17).

Já os casos de pena de morte eram as medidas mais duras, aplicadas a pessoas que pecavam abertamente contra Deus (daí as palavras "contumaz e rebelde"). Tinham o objetivo de trazer ordem a uma sociedade formada por um povo que tinha vindo da escravidão imposta por um povo pagão, o Egito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, identifique-se ao postar seu comentário.