Caso o povo viesse a sofrer as maldições preditas no capítulo anterior e lembrassem da bênção e da maldição que foi proposta por Deus, eles poderiam ser aceitos ainda por Deus. Caso voltassem para ele de todo o coração (v. 1-2) Deus os abençoaria novamente, fazendo-os retornar para a terra e dando-lhes proteção contra os inimigos (v. 3-7).
Era necessário que eles voltassem à prática das leis de Deus para que recebessem novamente as bênçãos previstas na aliança (v. 8-10).
A lei de Deus na época em que Moisés fez o seu discurso em Deuteronômio incluía as leis cerimoniais, as leis civis, as leis de saúde e a lei moral, que são os Dez Mandamentos.
Hoje as leis cerimoniais não são mais válidas, pois apontavam para o sacrifício de Cristo na cruz. Eram apenas ordenanças (Ef 2:15, Cl 2:14). As leis civis também não são mais válidas pois elas foram instituídas para a nação de Israel daquele tempo. Já as leis de saúde no que diz respeito ao regime alimentar são ainda válidas, pois se a carne de porco fazia mal para um judeu daquela época, faz mal também para qualquer pessoa de qualquer época.
Os Dez Mandamentos ainda são válidos pois não apontavam para o sacrifício de Cristo e por isso devem ser diferenciados das leis cerimoniais. Eles revelam a normal moral da conduta do servo de Deus.
Note que no NT a palavra "lei" é aplicada em sentidos diferentes dependendo do contexto. Isso pode ser observado quando Paulo umas vezes critica a lei e em outras ele a exalta. Por exemplo, ele diz que a lei era um "escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial" (Cl 2:14) e que "Cristo nos resgatou da maldição da lei" (Gl 3:13) (grifos acrescentados). Em outras passagens ele diz que a lei é "a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom." (Rm 7:12), a lei é "boa" (Rm 7:16), Paulo tinha prazer na lei de Deus (Rm 7:22). O apóstolo Tiago ainda diz que a lei é a "lei perfeita, lei da liberdade" (Tg 1:25). A Bíblia não se contradiz, portanto obviamente estas passagens não estão falando da mesma coisa!
A lei que os apóstolos criticam é a lei cerimonial, que alguns guardavam buscando a justificação. A lei que eles exaltam é a lei moral, os Dez Mandamentos, que são válidos ainda pois não apontavam o sacrifício de cristo.
Assim, hoje devemos fazer o mesmo que Moisés recomendou ao povo de seu tempo: buscar a Deus de todo o coração, sendo obediente à Sua lei, os Dez Mandamentos.
Moisés afirmou que os mandamentos que ele havia anunciado ao povo não eram "demasiado difícil" (v. 11) e da mesma forma o apóstolo João disse: "Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos" (1Jo 5:3).
Os mandamentos de Deus não estão longe de nós, mas disponíveis hoje para que o conheçamos e pratiquemos (v. 11-13), precisamos que eles também estejam na nossa mente e no nosso coração (v. 14).
Tudo o que Deus requer de nós é a nossa obediência por amor (Jo 14:15; 1Jo 5:1-2). Aquele que diz que conhece a Deus deve guardar os seus mandamentos (1Jo 2:3-4). Aquele que diz que permanece em Cristo deve andar assim como ele andou (1Jo 2:5-6), pois Jesus guardou os mandamentos de Deus (Jo 15:10).
Deus não nos força a sermos obedientes. Ele nos propõe "vida e o bem, a morte e o mal" (v. 15). A vida e as bênçãos vem em decorrência da obediência a Deus e à sua palavra (v. 16), enquanto que a desobediência que traz as maldições e a morte (v. 17-18). Cabe a nós escolhermos qual caminho seguir.
O Senhor é tão bom que ainda nos aconselha e motiva a escolhermos a vida (v. 19) amando-o e apegando-se a ele (v. 20).
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