domingo, 30 de setembro de 2012

Deuteronômio 14 - Leis sobre animais limpos e imundos

Este capítulo apresenta recomendações para o povo manter a sua santidade perante Deus pois eles eram filhos de Deus (v. 1). Cortar-se era um ato praticado pelos adoradores de Baal (1Rs 18:28). Na antiguidade e também hoje em alguns lugares do mundo há povos que se cortam ou raspam a cabeça como demonstração de tristeza pelos mortos (CBASD, vol. 1, pág. 1098). O povo de Deus não deveria imitar a prática pagã, pois eram a nação escolhida por Deus, que deveria agir de modo digno como um verdadeiro filho de Deus.



Dos versos 3 ao 21 aparece a repetição das leis acerca dos animais limpos (que se podia comer) e dos animais imundos (que não se podia comer). O conceito de "imundo" aqui não é apenas cerimonial, mas higiênico. Os animais listados como imundos eram, portanto, impróprios para alimento.

Basicamente, os animais foram classificados em quatro grupos: os terrestres, os animais das águas, as aves e os insetos. Para cada grupo foram estabelecidas formas para se distinguir os limpos e os imundos.


Animais da terra: os limpos eram os que tinham unhas fedidas e ruminavam (v. 6). Para ser considerado limpo o animal deveria ter essas duas características (v. 7 e 8). A maioria dos animais limpos desta lista eram utilizados como ofertas no santuário.

A lebre é um tipo de coelho. Cientificamente a lebre não rumina, mas como ela mastiga bem o alimento, parece estar ruminando. Devemos entender o texto não conforme os conceitos biológicos da atualidade, mas como a cultura da época. O arganaz é um roedor parecido com o porquinho-da-índia.

"Nem o porco" (v. 8). Eis aqui uma regra grandemente transgredida, principalmente entre os povos de cultura ocidental. O porco é um animal que tem por si só uma constituição doentia. Tanto é que quando uma pessoa está enferma geralmente os médicos aconselham que o paciente não consuma carne de porco. Isso sem falar no problema do verme que pode vir em sua carne e causar problemas neurológicos seríssimos.


Animais das águas: um fato interessante é que a Bíblia não estabelece uma regra para "os peixes", mas para "o que há nas águas" (v. 9), indicando que isso incluía animais de outras espécies, como crustáceos, moluscos e até mesmo mamíferos como a baleia.

Para este grupo de animais Deus estabeleceu também dois indicativos: "tudo o que tem barbatanas e escamas" (v. 9). De forma semelhante às características dos animais terrestres, é necessário que o animal das águas tenha as duas características para ser considerado limpo (v. 10).


Aves: para as aves não foi estabelecida uma regra específica. Deus apenas deu uma lista de aproximadamente 20 espécies de aves consideradas imundas e todas as aves que não se enquadrassem nestas espécies deveriam ser consideradas como limpas.

O quebrantosso e a águia marinha são aves predadoras, portanto, impróprias para o consumo. O açor e o milhano são aves de rapina da família do falcão [1]. O mocho é uma ave da família das corujas [2]. Os íbis são aves pernaltas com pescoço longo e bico comprido e encurvado para baixo [3]. A gralha é uma ave da família dos corvos [4]. A poupa é uma ave de médio porte, bico pontiagudo e encurvado [5].

O morcego é um mamífero, mas provavelmente foi incluído na lista das aves devido ao fato de ter asas (v. 18).

Insetos: Assim como o verso 19, Levítico 11 traz uma lista de alguns insetos considerados limpos, embora na nossa cultura não seja comum consumi-los.


Muitos acham estranho e até mesmo desnecessário o fato de Deus se importar com nossa saúde. Poderíamos então perguntar, assim como o salmista, porque Deus iria se importar com o homem? (Sl 8:4). No entanto, Cristo respondeu a esta questão mostrando que Deus se importa com coisas mínimas e até mesmo com os pardais (Lc 12:6-7). O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1: 26-27). Deus se importa tanto com o homem que deu o seu filho para que o homem fosse salvo por ele (Jo 3:16). Sendo assim, podemos acreditar que ele se interessa por tudo o que diz  respeito ao homem.

Há quem acredite que só o que importa são os aspectos espirituais de nossa vida. Acontece que nossa vida é constituída dos aspectos físicos, mentais e espirituais e eles se inter-relacionam. Um corpo enfermo influencia na mente e uma mente enferma influencia no corpo. Da mesma forma, ambos influenciam a espiritualidade. As recomendações de saúde dadas por Deus não são apenas proibitivas ou restritivas, mas são um meio de beneficiar o homem.


Outros, tentando justificar o seu hábito afirmam que estão comendo carne de porcos criados em sistema industrial, onde são tratados com total higiene, vacinados e alimentados à base de ração. Mas acontece que o problema não consta apenas na higiene do animal, mas na natureza do mesmo. O porco é colocado na lista dos animais imundos, sendo assim, comer a sua carne é semelhante a comer a carne de um cavalo, cachorro, gato, lagartixa, sapo, cobra, etc. A maioria das pessoas não comeria a carne de tais animais, mesmo que eles fossem criados com ração e em total higiene.



A Bíblia afirma que o corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 3:16,17; 6:19). Devemos, portanto, glorificar a Deus através do nosso corpo (1Co 6:20). Devemos glorificar a Deus através de todos os aspectos de nossa vida, não somente o espiritual (1Co 10:31).

Estas recomendações de saúde a respeito dos animais limpos e imundos não eram apenas para os judeus, pois se algo fazia mal fisicamente para um judeu, fazia mal também para uma pessoa de qualquer povo e de qualquer época.



[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7or
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Mocho
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dbis
[4] http://pt.wikipedia.org/wiki/Gralha
[5] http://pt.wikipedia.org/wiki/Poupa

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