O foco deste capítulo não é exatamente a obediência, mas principalmente o conselho de Moisés para que o povo tenha sempre em sua mente a lembrança de todos os benefícios que o Senhor lhes concedeu. Esta era a motivação para o amor e a obediência a Deus.
Os versos 2 a 4 mostram que Deus teve um propósito a mais para mandar o povo peregrinar quarenta anos pelo deserto. Quando o povo teve fome, Deus proveu o maná. Ele ainda conservou as vestes e até mesmo a saúde do povo durante este período. Deus queria passar uma importante lição: que o filho de Deus deve aprender a confiar e depender somente do Senhor.
Todos nós temos necessidade de alimento e de veste, mas estas são necessidades temporais, que um tempo após serem supridas, voltam a surgir. A maior necessidade que temos é de Deus e sua palavra (v. 3). Isto nos lembra o ensinamento de Cristo a respeito de não andarmos ansiosos a respeito destas necessidades temporais, mas devemos buscar em primeiro lugar o Reino de Deus (Mt 6:25-33). É interessante perceber que ele citou como exemplo justamente o alimento e o vestuário. No deserto Deus proveu alimento e vestuário para o povo e também hoje ele nos provê isso e todas as outras necessidades.
A frase "não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem" foi citada por Jesus em Mt 4:4 como sua defesa contra as tentações de Satanás. Ela nos lembra que a palavra de Deus é o alimento do espírito. Não podemos fazer nossas refeições uma vez e continuarmos alimentados durante muitos dias. Da mesma forma, nossa vida espiritual deve ser alimentada pelo estudo diário da palavra de Deus.
Outro tema importante foi citado por Moisés no verso 5. Deus disciplina os seus filhos como um pai disciplina os seus. Esta é uma passagem complicada para aqueles que lembram apenas que o Senhor é um Deus de amor, mas esquecem que ele é Deus de justiça. Amor e justiça são duas características de Deus que se complementam uma à outra. O fato de Deus disciplinar um filho seu é justamente por que ele o ama. Se não amasse, ele deixaria aquele filho vivendo no erro. Se desejamos que Deus seja nosso pai na hora de sermos abençoados devemos também aceitar a disciplina deste Pai eterno. Deus é pai, não é Papai Noel ou gênio da lâmpada, para que só lembremos dele na hora de recebermos bênçãos.
Palavras como "recordar-te-às" e "esqueças" aparecem várias vezes no texto, indicando que a mensagem principal era a necessidade do relacionamento do povo com Deus, lembrando a cada dia as coisas que ele tem feito. O povo foi aconselhado a não esquecer de Deus após ter entrado na terra prometida e ter aproveitado toda a fartura ali existente (v. 6-16).
Alguns tem a tendência de rejeitar a Deus quando passam por sofrimento. Já outros esquecem de Deus quando há fartura de bênçãos. Chegam a atribuir a si mesmos o seu sucesso em obter bênçãos materiais (v. 17). Devemos lembrar que em primeiro lugar o mundo pertence a Deus, que é o seu criador. Em segundo lugar nós mesmos pertencemos a Deus. Em terceiro lugar, nossa saúde ou sabedoria para obter bens vem de Deus (v. 18).
Assim sendo, de todas as formas, o que temos e o que somos pertence a Deus.
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