Ainda durante o seu discurso, Moisés proferiu uma repetição da Lei Moral, os Dez Mandamentos (v. 6-21).
Como costuma fazer, Deus primeiramente indica o que Ele fez pelo povo para depois dizer o que ele requer do povo. Assim ele começa a citação dos mandamentos pelo indicativo "Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei do Egito, da casa da servidão". Toda e qualquer obediência genuína deve vir de um coração agradecido a Deus pelo que ele tem feito por nós. Assim, um dos maiores indicativos da bondade de Deus pelos israelitas foi a sua libertação da escravidão do Egito.
O segundo mandamento tanto em Deuteronômio 5 quanto em êxodo 20 tem um detalhe especial: Deus diz "faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos". O amor deve sempre ser o motivo para a guarda dos mandamentos.
Os mandamentos são citados um a um de forma semelhante ao texto encontrado em Êx 20:2-17, quando eles foram proferidos pela primeira vez. No entanto, no quarto mandamento existe uma pequena diferença que tem deixado muitas pessoas confusas.
Após citar o mandamento do sábado (v. 12-14) Moisés indica o motivo pelo qual o povo deveria guardar o sábado: "porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado." (v. 15). Assim, muitos tem afirmado erroneamente que o quarto mandamento era passageiro, destinado apenas a Israel como lembrança ou comemoração da sua libertação do Egito.
O sábado não é um mandamento somente para Israel, pois Deus fez o convite para que os outros povos guardassem o sábado (Is 56:1-7). Jesus disse que "o sábado foi estabelecido por causa do homem" (Mc 2:27), ou seja, o sábado foi feito para toda a humanidade. Isso fica evidente pelo fato de que os escravos (que obviamente não seriam judeus) e os estrangeiros que estivessem no meio do povo deveriam também guardar o sábado (v. 14).
O verdadeiro propósito do dia de sábado está relacionado com a criação (Êx 20:8-11). Na primeira citação do mandamento o povo deveria lembrar de guardar o dia de sábado porque Deus criou o mundo em seis dias e descansou (deixou de criar) no sétimo. O sábado é um dia de descanso físico para todos, não somente os judeus. Além disso Deus abençoou e santificou o dia de sábado no ato da criação para que esse dia fosse uma bênção espiritual para os que o observam. Isto não tem nada a ver com a saída do Egito.
Já na segunda citação o povo deveria lembrar que havia sido escravo no Egito (v. 15). Contudo, esta segunda citação não deve se sobrepor à primeira. Este era apenas um motivo adicional dado aos Israelitas para a observância do mesmo. Se a libertação do Egito fosse uma limitação para a observância do sábado, isto também seria uma limitação para a observância de toda a Lei (Êx 20:2; Dt 5:6). Assim como Israel foi liberto da escravidão do Egito, o povo de Deus de todas as épocas foi liberto da escravidão do pecado por meio de Cristo (Jo 8:34-36; Rm 6:16-18, 22).
A aliança de Deus foi estabelecida com o povo quando a lei foi citada pela primeira vez (Êx 20:2-17) e Deuteronômio 5 é apenas uma repetição das leis já estabelecidas no livro de Êxodo. O próprio nome Deuteronômio significa Segunda Lei porque neste livro Moisés repete para o povo as leis que já haviam sido dadas e aconselha enfaticamente ao povo que guarde estas leis.
Por fim, novamente o povo é incentivado a ser fiel a Deus guardando os seus mandamentos, não se desviando nem para a direita nem para a esquerda, ou seja, não modificando aquilo que Deus deixou expresso tão claramente em sua palavra. Os mandamentos devem ser guardados integralmente. Se assim fizesse, o povo viveria bem na terra que Deus estava dando a eles.
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