Moisés aconselhou o povo a praticar os mandamentos, estatutos e os juízos que o Senhor mandou. São as mesmas palavras na mesma ordem de Dt 5:31.
Deus ordenou que o povo cumprisse os seus mandamentos pois através deles os dias do povo sejam prolongados (v. 2) e para que lhes sucedesse o bem (v. 3 e 18).
O verso 4, comumente mencionado como a Shema, diz "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR." (Widden, Moon, Reeve - A TRINDADE, pág. 39, Casa Publicadora Brasileira). No original hebraico está escrito literalmente "Yahweh nosso Deus, Yahweh [é] um" (CBASD, vol 1. pág. 1067). A palavra que foi traduzida como "um" vem do hebraico "echad", que significa uma união composta. Indicando que Deus é o único Deus verdadeiro, porém composto. É o contrário de "Yachid" que significa um solitário, um único.
Outra passagem bíblica que utiliza o termo "echad" e nos ajuda no seu entendimento é Gn 2:24, onde se diz que o homem se uniria à sua mulher e os dois se tornariam "uma só carne". O hebraico diz que eles se tornariam echad, ou seja, eles passariam a viver uma só vida juntos, como se fossem uma só pessoa, mesmo continuando a ser dois indivíduos.
Moisés então aconselha o povo a amar a Deus "de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.". O amor deve ser a base de toda a nossa obediência e fidelidade a Deus (Js 22:5; 1Co 16:14; 1Jo 5:3; 2Jo 1:6). Foi por isso que Jesus disse "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14:15) e "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor..." (Jo 15:10). Qualquer obediência desprovida de amor genuíno não passa de mera tentativa de justificação própria baseada em obras.
Esse amor a Deus não é um mero sentimentalismo. É algo que abrange todos os aspectos da vida do cristão. Amar de todo o coração significa amar com a mente, que é a fonte dos pensamentos e sentimentos. A palavra alma geralmente tem o sentido de vida, mas também inclui os desejos e apetites do corpo. Já a palavra força é um substantivo que neste contexto tem o significado de aumentar, referindo-se a algo que pode ser acumulado (CBASD vol. 1, pág. 1067).
Tendo o amor como a base para a obediência, precisamos depois manter as palavras de Deus em nossa mente diariamente (v. 6).
Deus ordenou que o povo atasse as suas palavras na mão e na fronte, entre os olhos (v. 8). A mão simboliza as obras, enquanto que a testa representa a mente, ou seja, a aceitação intelectual da lei de Deus. Porém, os judeus nos dias de Cristo interpretavam isso de forma literal, amarrando tiras de pergaminho contendo porções da Bíblia na testa ou no braço esquerdo. Eles alargavam essas tiras, chamadas de Filactérios, para que se tornassem mais visíveis. Jesus condenou essa prática, pois era uma forma de ostentação de sua pretensa piedade (Mt 23:5).
As leis de Deus devem fazer parte do nosso cotidiano, por onde quer que formos, para guiar nossa vida (v. 7-9). Também é nosso dever orientar nossos filhos a seguirem os caminhos do Senhor (v. 7, 20-25).
A obediência a estas deve vir do reconhecimento de quem é Deus e do que Ele faz por nós. No caso de Israel eles deveriam lembrar de como Deus os livrou da escravidão (v. 10-12). No nosso caso, devemos meditar no grande sacrifício feito por Cristo para nos libertar da escravidão do pecado (Jo 8:34).
O resumo deste capítulo é que Deus deseja que lembremos sempre o que ele fez e faz por nós, isso então deve produzir gratidão e amor em nossos corações. O amor é a base da nossa obediência a Deus. Ao sermos obedientes ele continua nos abençoando.
A obediência a Deus não é um meio para alcançar a salvação, mas é o fruto do coração de uma pessoa que está salva por meio de Cristo Jesus.
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