Deuteronômio 4 - Exortação à obediência

Este é um belo discurso que Moisés fez onde expõe basicamente a necessidade de obediência a todas as leis de Deus e as bênçãos recebidas por isso.

Logo no verso 1 Moisés cita os "estatutos e os juízos" que o povo deveria seguir. Os estatutos eram as leis que regulavam a conduta em sociedade, enquanto que os juízos diziam respeito às decisões judiciais a serem aplicadas no caso do descumprimento dos estatutos. A palavra "lei" do verso 44 diz respeito a todas as leis dadas ao povo, incluindo os Dez Mandamentos. Já a palavra "testemunhos" do verso 45 refere-se especificamente aos Dez Mandamentos. Estas palavras aparecem novamente em várias partes do texto, indicando claramente que esse é o
tema principal do capítulo.

A obediência às leis de Deus deve ser integral. Não podemos adaptá-la aos nossos gostos, acrescentando ou diminuindo algo (v. 2) (ver também Dt 12:32; Jr 26:2; Ap 22:18-19). Tudo o que Deus nos manda fazer sempre é o melhor para nós, mesmo que aparentemente não seja. Deus sabe o que é bom para nós mais do que nós mesmos.

O texto nos dá alguns motivos pelos quais devemos obedecer aos mandamentos Deus: 

• Para vivermos por meio deles (v. 1). As leis de Deus foram dadas para o nosso bem-estar e com certeza o cumprimento delas prolongam e dão qualidade à vida (Lv 18:5; Dt 8:31; 30:16; Ne 9:29; Ez 18:9; Lc 10:25-28; G 3:12). 
• Para termos sabedoria e entendimento (v. 6). O texto enfatiza o fato de que uma vida guiada pelos mandamentos de Deus se torna um bom testemunho perante os outros que passam a perceber a sabedoria existente nestes princípios (Sl 19:7). 
• Para que vivamos bem (v. 40).
• Para que prolonguemos nossos dias (v. 40);

Obedecer a Deus não é somente cumprir regras. O texto diz "guardai, pois, e cumpri-os". Ou seja, devemos guardar os mandamentos de Deus na nossa mente e no nosso coração, para depois cumprir. Guardar implica uma transformação interior, que se reflete no exterior, que é o cumprir.

Quando Israel recebeu as leis de Deus ao pé do monte Sinai Deus falou diretamente ao povo, porém o povo não o viu, nem viu aparência nenhuma, mas apenas ouviu a voz de Deus (v. 12). O ser humano tem uma tendência a expressar seus conceitos de divindade de forma visível e material, mas Deus não demonstrou nenhuma forma visível perante o povo. Hoje vemos em muitas religiões que a fé é demonstrada por meio de objetos e símbolos, que em alguns casos devem até mesmo ser comprados como demonstração de fé no Deus invisível. Porém não foi assim quando Deus deu a sua lei: ele expressou sua vontade falando para todo o povo ouvir, mas a sua aparência não foi vista.


Existe uma diferenciação entre os tipos de lei que foram dadas ao povo. Ali, no monte Sinai, Deus fez a sua aliança com o povo baseada na lei dos Dez Mandamentos (v. 13) que foram pronunciadas pelo próprio Deus e escritas pelo seu próprio dedo em tábuas de pedra Já as leis civis e cerimoniais foram pronunciadas por meio de Moisés (v. 14). Vemos aqui um claro contraste entre essas leis:

• Os Dez Mandamentos foram pronunciados pelo próprio Deus (v. 13) e escritas pelo dedo de Deus em duas tábuas de pedra (Êx 31:18). As tábuas foram colocadas dentro da arca da aliança (Dt 10:4-5; Hb 9:4). Paulo tinha prazer na Lei de Deus (Rm 7:22, 25; 8:7).
• As outras leis foram pronunciadas ao povo por Moisés (v. 14). Estas leis foram escritas em um livro e colocadas ao lado da Arca da Aliança (Dt 31:24-26). São muitas vezes chamadas de "a lei de Moisés" (Ed 7:6; Dn 9:11; Lc 2:22; Jo 7:23; 1Co 9:9;Hb 10:28)

Muitos versos em seguida são destinados a conselhos sobre o pecado da idolatria, seja em fazer imagens de homens ou animais, de coisas do céu ou da terra.

Outro ponto que chama a atenção é o desejo que Deus tem de se relacionar conosco. Ele é chegado a nós quando o invocamos (v. 7). Mesmo que a nação de Israel pecasse contra Deus e fosse por isso castigada (v. 22-28), Deus os livraria, quando eles buscassem a ele de todo o coração (v. 29-31).

Em suma, Deus deseja ser o nosso Deus. Para isso ele requer que tenhamos comunhão com ele, tendo suas leis em nosso coração e sendo fiéis cumprindo os seus mandamentos. Fazendo assim ele nos abençoará. Caso venhamos a ser infiéis para com ele sofreremos as consequências dos nossos pecados. Caso estejamos colhendo os frutos dos nossos erros ele sempre estará disposto a nos perdoar, mas com uma condição: se o buscarmos de todo coração.