Salmos 36 - A malícia do ímpio e a bondade de Deus

Este salmo faz um contraste entre a maldade dos homens ímpios e o caráter santo de de Deus.

Inicia-se descrevendo as características dos ímpios. No seu coração (isto é, na sua mente) há a voz da transgressão (v. 1). Significa que o pecado dos ímpios é gerado constantemente na sua mente. Ele age dessa forma porque não tem o temor do Senhor (v. 1; Romanos 3:18). A palavra "temor" neste versículo não tem o sentido de reverência ou respeito, mas sim o de "terror", "medo" (CBASD, vol.3, pág. 807). O ímpio não tem medo de Deus; talvez por não acreditar que ele exista, mas na verdade, no fundo todos tem uma noção de que existe, sendo assim indesculpáveis (Romanos 1:18-32). Mesmo crendo em Deus, muitos homens pecam acreditando que não serão descobertos ou que o pecado que cometem não será levado em conta (v. 2).


Os ímpios "abjuraram" a prática do bem. De acordo com o dicionário Priberam¹, "abjurar" significa " Renunciar opiniões, sentimentos, doutrinas, etc.". Analisando os versos 1 a 3 vemos que os ímpios primeiramente dão abertura a pensamentos pecaminosos, depois creem que não tem problemas em cometer aqueles pecados e por fim abandonam deliberadamente a prática das coisas certas que Deus nos ordena fazer. Os seus pecados são premeditados (v. 4).


Em contraste estão a bondade e a fidelidade de Deus, que se elevam até aos céus. É possível também que o original hebraico permita a tradução "desde os céus" (CBASD vol. 3, pág. 808). Se for assim, o texto estaria afirmando que a fidelidade e a bondade vem descendo desde a morada de Deus até nós (Tiago 1:17). A bondade de Deus é comparada ao cuidado das aves que protegem seus filhotes "à sombra das [suas] asas" (v. 7).

Deus é aquele que nos dá felicidade e vida em abundância (v. 8; João 10:10). A vida não consiste simplesmente naquilo que aprendemos em biologia: "nascer, crescer, reproduzir-se e morrer". A vida real e feliz é aquela que é vivida ao lado de Deus, pois ele é o "manancial da vida" (v. 9). Ele é a fonte da luz (comparar com o texto a respeito de Jesus em João 1:4-5).

O salmo é concluído com uma súplica a Deus para que a bondade de Deus continue se manifestando em sua vida e que ele nunca seja pisado pelos ímpios.


Devemos fazer como o salmista e meditar todos os dias a respeito da bondade de Deus, pois isso gerará em nós um espírito de louvor e gratidão. A maior manifestação da bondade de Deus foi revelada na cruz do Calvário. Paulo diz que "a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento" (Romanos 2:4).




(1) http://www.priberam.pt/DLPO/