sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Salmos 23 - O Salmo do Pastor

Este com certeza é o salmo mais conhecido e mais amado da Bíblia e talvez seja o capítulo mais conhecido de toda a Bíblia. Ao meditar sobre ele percebemos paz, amor e proteção vindo da parte de Deus. Nos versos 1 a 4 Davi refere-se a Deus como um pastor e ele como sua ovelha.



Deus é o nosso pastor (v. 1). O pastor é aquele que alimenta, cuida e protege. Este versículo faz lembrar as palavras de Jesus: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas." (João 10:11). O bom pastor cuida de suas ovelhas como se fossem filhas suas, não apenas por dinheiro (João 10:14). Do contrário, o mercenário só pensa em dinheiro (João 10:12-13). Em várias outras passagens Deus é apresentado como um pastor (Salmos 78:52; Salmos 80:1; Salmos 119:176; Isaías 40:11; Ezequiel 34; Miquéias 7:14; Lucas 15:3-7; João 21:15-17; Hebreus 13:20; 1 Pedro 2:25; 5:4).

"Nada me faltará" (v. 1). A tradução NVI diz "de nada terei falta". Há quem diga que esta segunda tradução seria melhor porque ao dizer "nada me faltará" estamos afirmando que ao sermos fiéis a Deus teremos sempre paz e prosperidade material nesta vida, o que nem sempre acontece (Mateus 10:34-39; João 16:33; 1 Pedro 5:9). Por outro lado, "de nada terei falta" significaria que "mesmo que me falte alimento, saúde, moradia, paz, ainda sim estou feliz porque tenho o Senhor". Mesmo tendo momentos de angústia temos a confiança de que Deus está conosco.

Nos desertos da Judéia, onde os pastores criavam suas ovelhas, havia muita escassez de água e o calor era intenso. O bom pastor leva sua ovelha para lugares onde há abundância de pasto e muita água onde poderá saciar a sua sede (v. 2) e descansar antes de fazer a sua caminhada ao longo do deserto.

Além disso, os caminhos no deserto são muito acidentados, às vezes cheios de perigos como abismos. O bom pastor guia a sua ovelha por caminhos "da justiça" (v. 3). O caminho que o homem escolhe para si muitas vezes leva à perdição (Provérbios 4:19; 14:12; 16:25), mas Deus ensina os seus filhos o caminho em que deve andar (Salmos 25:4, 8, 9, 12; 37:5; Isaías 30:21). O caminho que Deus nos conduz nem sempre é fácil (Mateus 7:13-41) mas é o caminho que conduz à Vida Eterna (Salmos 18:30; 77:13).

É fácil imaginar que nas regiões montanhosas da Judéia havia muitos vales, alguns oferecendo muitos perigos. Mesmo passando por esta situação, as ovelhas estão seguras, pois tem o pastor ao seu lado para guiá-las com o uso da vara (ou bordão) e do cajado (v. 4). O bordão era usado para várias coisas, até mesmo como arma (2 Samuel 23:21), por isso pode-se imaginar que o pastor usava o seu bordão para afugentar preadores. O Senhor é quem nos protege em momentos de perigo, não permitindo que os nossos pés escorreguem ao andarmos pelo caminho da vida (Salmo 121:3). É interessante notar que Deus não evita que venham os perigos, mas no meio do perigo ele nos protege, como fez com os três amigos de Daniel na fornalha ardente (Daniel 3). Já o cajado era uma vara de apoio usada por enfermos e pessoas de idade.


No verso 5 a ilustração muda do cuidado do pastor para a hospitalidade de alguém que recebe uma visita. O Salmista relata uma cena na qual ele é recebido como convidado para um banquete. Jesus citou uma parábola com uma ideia semelhante (Mateus 22:1-14) e afirmou que Deus irá preparar um banquete para os salvos no Céu (Mateus 8:11; 26:29).

"Unges-me a cabeça com óleo". Era um costume da hospitalidade oriental o anfitrião derramar óleo sobre a cabeça do visitante (Salmos 92:10; 133:2; Eclesiastes 9:8; Amós 6:6). Certa vez um fariseu convidou Jesus para jantar (Lucas 7:36-50) e na ocasião Jesus foi ungido pela mulher pecadora com um perfume caríssimo, o que gerou indignação entre os que estavam ali presentes. Por isso, Jesus comparou a atitude da mulher com a falta de hospitalidade do fariseu que o convidou para jantar e não ungiu a sua cabeça com óleo (Lucas 7:46).

"O meu cálice transborda". Neste banquete o salmista é honrado pelo seu anfitrião acima dos seus inimigos, pois o seu cálice estava cheio até transbordar. Deus é capaz de dar aos seus filhos mais do que eles mesmos podem esperar (Efésios 3:20).

A bondade e a misericórdia de Deus sempre estão com o justo (v. 6), por causa disso, ele tinha o desejo de estar sempre na Casa do Senhor. A tradução da NVI diz "e voltarei à Casa do Senhor enquanto eu viver". Já a Septuaginta e as traduções mais antigas dizem "habitarei na Casa do Senhor". O texto parece se referir à casa de Deus na Terra, que era o tabernáculo, mas ao mesmo tempo parece que o salmista se refere à vida eterna. Este versículo parece ser uma resposta à pergunta feita no Salmo 15:1.



O salmo como um todo exalta o cuidado de Deus pelos seus filhos, utilizando duas figuras: o pastor que cuida de suas ovelhas e o anfitrião que recebe bem o seu convidado. Tudo o que é realmente necessário para nós é provido por ele: alimento e descanso (v. 2), refrigério e direção (v. 3), proteção e consolo (v. 4), honra (v. 5), bondade, misericórdia e um lar (v. 6).


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