Salmos 1 - A prosperidade do justo e o fim do ímpio.

O livro dos Salmos é uma coleção de hinos. O nome "Salmos" vem do grego "psamoi" que é o plural de "psalmos" que designa uma canção cantada com acompanhamento de instrumentos de cordas. Os salmos eram composições de vários autores. Provavelmente esses cânticos foram reunidos por Esdras e Neemias (CBASD, vol 3, p. 695). Sendo assim, o livro dos Salmos não tem 150 capítulos. Ele tem 150 Salmos.

O Salmo 1

O primeiro verso começa com a expressão "bem-aventurados", famosa por causa das bem-aventuranças citadas por Jesus no Sermão do Monte (Mt 5:3-11). Geralmente a expressão "bem-aventurado" é interpretada com o sentido de "feliz". Não apenas feliz por um momento, em uma situação, mas feliz no sentido de se dar bem no que faz, de ter prosperidade em todos os aspectos.


Este salmo contrasta a vida e o destino de duas classes de pessoas: os justos e os ímpios.

É interessante uma sequência de fatos relatada no verso 1: anda... se detém... se assenta. Essa sequência mostra uma ordem crescente em intensidade nos passos do caminho de uma pessoa que se torna ímpia:

1. "Anda no conselho dos ímpios" - um primeiro passo para se tornar um ímpio seria seguir a opinião de pessoas que não buscam a sabedoria de Deus. Os conselhos do perverso são engano (Pv 12:5). 
2. "Se detém no caminho dos pecadores" - neste segundo passo a pessoa além de seguir o conselho dos ímpios agora se detém no caminho dos pecadores, ou seja, para junto aos pecadores. 
3. "Se assenta na roda dos escarnecedores" - o terceiro e último passo seria se assentar junto aos ímpios. Não é meramente o ato de sentar junto que faz com que uma pessoa se torne pecadora. O sentido aqui é de companhia, de participar dos pensamentos e atitudes um do outro. "Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?" (Amós 3:3).

O justo não percorre estes passos porque ele tem prazer em meditar na Lei do Senhor. A palavra Lei neste verso vem do hebraico "torah" que tem o sentido de "instrução, "preceito" ou "mandamento". Geralmente "torah" se refere à revelação escrita da vontade de Deus.

Vemos neste salmo o contraste entre o justo e o ímpio: o ímpio toma conselhos de outros ímpios enquanto que o justo busca a Palavra de Deus. O ímpio "se assenta" com os escarnecedores e o justo "medita" na lei. A palavra medita aqui significa "ler em voz baixa" e deixa o sentido de parar e tomar um tempo (provavelmente sentado) para ler a Bíblia. 

A vida do justo é comparada a uma árvore que dá frutos (lembra o texto de Jeremias 17:8). Esta árvore não cresceu por acaso junto a correntes de água, mas foi "plantada", indicando o cuidado de Deus por ela. O resultado deste cuidado é que o justo obtém sucesso em tudo o que faz (v. 3). Isto condiz com o sentido da expressão "bem-aventurado" (v. 1).

A vida do ímpio é comparada à palha no sentido de não ter valor nem durabilidade. Ele será eliminado no dia do Juízo de Deus (v. 5; Mt 3:12).

Vale transcrever um trecho do Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia a respeito do uso da árvore e da palha como ilustrações neste capítulo: 

"Existe um paradoxo no emprego das duas figuras de linguagem: árvore e palha. aparentemente, a árvore parece ser mantida prisioneira. Mas, na realidade, ela é livre, cresce e dá fruto. A palha parece estar livre, mas na verdade é escrava do ambiente. O cristão, ligado a Deus, sua fonte de vida e força, cresce e dá fruto; a palha, solta, cortada da fonte de força, não produz nada. Tem uma liberdade que não vale a pena." (CBASD, vol 3. p. 711)

Basicamente, o objetivo do salmo 1 é mostrar que só podemos ter prosperidade na vida se estivermos ligados a Deus por meio de Sua palavra. Além disso, é necessário também evitar a prática de coisas erradas (segundo o conselho dos ímpios).